Resumo

Resumo: Esta tese objetivou analisar as contribuições das necessidades psicológicas básicas (NPB) mediadas pelo relacionamento treinador-atleta (RTA) sobre a satisfação atlética de treinadores e jovens atletas brasileiros. Para tanto, o primeiro artigo realizou uma revisão sistemática da literatura nas bases PubMed, SportDiscus, Web of Science, Scopus, Lilacs e Scielo, para identificar as variáveis associadas ao RTA, na qual 31 estudos atenderam aos critérios de inclusão. Foram encontradas associações positivas (sentimentos, aspectos sociais, liderança, motivação) e negativas (estresse ameaça, estratégias de coping diádico negativo, burnout) com o RTA. Foi identificada a escassez de estudos na América do Sul, África e Oceania; predomínio de estudos em língua inglesa e necessidade de continuidade da avaliação do RTA em diferentes culturas. O segundo artigo objetivou examinar a adaptação transcultural e propriedades psicométricas da versão brasileira do Coach-Athlete Relationship Questionaire (CART-Q) para treinadores, com 130 treinadores do Paraná e região, de ambos os sexos, de modalidades coletivas e individuais. A versão brasileira do CART-Q para treinadores apresentou ajuste psicométrico satisfatório mantendo os 11 itens e três dimensões (proximidade, comprometimento e complementaridade), com estrutura válida e confiável, confirmando a existência de um fator de segunda ordem (RTA), semelhante ao instrumento original. O terceiro artigo compreendeu o exame do impacto mediador do RTA nas necessidades psicológicas básicas e satisfação atlética de treinadores e atletas brasileiros. Foram sujeitos, 182 treinadores e 182 atletas, de ambos os sexos, de modalidades coletivas e individuais, participantes dos Jogos Escolares da Juventude 2015 (fase nacional). Os resultados evidenciaram relações significativas entre as NPB e RTA, para treinadores e atletas (variância compartilhada de 47% e 49%, respectivamente). O RTA mediou significativamente a relação entre as NPB e a satisfação, visto que o modelo de mediação explicou 54% da variabilidade da satisfação dos treinadores e 81% da satisfação dos atletas. Para treinadores, a mediação do RTA exerceu um aumento no efeito direto de 0,56 para 0,71 e para atletas o efeito da mediação foi mais evidente (0,17 para 0,71). Conclui-se que, no contexto esportivo brasileiro, os atletas e treinadores satisfeitos com suas necessidades básicas e que estabelecem relacionamentos estreitos, pautados na confiança e no respeito possuem maiores chances de se sentirem satisfeitos em seu esporte. Tais características se tornaram mais evidentes na perspectiva dos jovens atletas que percebem a relação com o treinador como determinante para sua satisfação.

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