Resumo
: A escola, em especial as aulas de Educação Física (EF) encontram-se em posição privilegiada para promoção da saúde entre crianças e adolescentes. Entretanto, pouco se conhece sobre os programas de EF no Brasil. O objetivo do estudo foi determinar a intensidade e duração dos esforços físicos nas aulas de EF no ensino fundamental e médio. Metodologia: Foi desenvolvido um estudo transversal de base escolar. A amostragem foi realizada em múltiplos estágios, estratificada por rede, nível e série de ensino. Ao todo, 16 escolas e 272 estudantes participaram do estudo, totalizando 218 observações de aula. Foi aplicado um questionário para identificar espaços físicos e materiais disponíveis para a aula de EF e um questionário para os estudantes. As aulas foram avaliadas através do instrumento de observação direta SOFIT (System for Observing Fitness Instruction Time) e a intensidade mensurada através de acelerômetros. Para a determinação da intensidade dos esforços foram adotados os seguintes pontos de corte (em counts): atividades sedentárias (0-100), leves (101-2000), moderadas (2001-4999), vigorosas (5000-7999) e muito vigorosas (>8000). Para determinação do desfecho “atividades físicas moderadas a vigorosas (AFMV)” foram agrupadas as categorias de AF moderada, vigorosa e muito vigorosa. Resultados: O tempo médio de duração das aulas foi de 35,6 minutos (DP 6,0), enquanto que a média de tempo das aulas despendido efetivamente em AFMV foi de 12,3 minutos (DP 9,7). A proporção média de tempo das aulas em AFMV foi de 32, 7% (DP 25,2). Os meninos (44,1%) envolveram-se significativamente mais em AFMV do que as meninas (21,0%; p<0,01). Estudantes que se envolvem em atividade física fora das aulas também tiveram maior participação em AFMV nas aulas de EF. Não foram encontradas diferenças significativas na prática de AFMV em diferentes redes de ensino e série escolar. Conclusão: A proporção de tempo em AFMV encontrada foi baixa indicando que durante as aulas de EF os estudantes são pouco submetidos a atividades com intensidades e duração suficientes para provocar adaptações orgânicas que tragam benefício à saúde. Estratégias urgentes são necessárias para o aumento da intensidade e duração dos esforços físicos em aulas de Educação Física.