Resumo

Introdução: Esse trabalho é parte da pesquisa de doutorado aprovada pelo Comitê de Ética (CEP-Unicamp) que estuda o esporte universitário praticado por mulheres. Objetivo: Compreender a relação das entrevistadas com a dimensão da competição presente no esporte universitário. Metodologia: Foram realizadas entrevistas semi estruturadas com 16 mulheres egressas entre os anos de 2003 e 2015 dos cursos de medicina e engenharias da Unicamp que estiveram engajadas com Atléticas e Ligas esportivas universitárias. Resultados: O engajamento delas no esporte universitário se deu porque o esporte era prática pertencente ao sistema de disposições incorporadas e duráveis das entrevistadas. Foi no esporte universitário que 09 entrevistadas acessaram pela primeira vez o esporte de performance, competindo por equipes. Para outras 07 entrevistadas o esporte universitário foi a possibilidade de continuar uma prática esportiva competitiva iniciada antes do ingresso na universidade, pausada para privilegiar os estudos para o vestibular. O prazer e a permanência no esporte universitário para a maioria das entrevistadas perpassava a competição e performance esportiva, contradizendo a perspectiva de senso comum que considera mulheres pouco competitivas ou desinteressadas em competir. A competição também contribuiu com aspectos formativos que atuaram nas performatividades de gênero dessas mulheres o que impactou em suas atuações profissionais. Por outro lado, a competição apresenta-se complexa e contraditória uma vez que algumas mulheres relataram violências de gênero da torcida, assim como excesso de cobranças por resultados, como sendo aspectos que as afastaram ou afastou colegas dessa prática esportiva. Conclusões: O esporte universitário se sobressaiu como um espaço de oportunidades, ou seja, espaço raro no qual mulheres adultas puderam exercer um tipo de performance esportiva, uma vez que o acesso a esse modelo de prática esportiva é limitado e ainda mais limitado para mulheres. Além disso, a competição contribuiu para uma performatividade de gênero que impactou nas atuações profissionais das entrevistadas.

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