Resumo

A presente pesquisa volta-se para a compreensão da dança em espaços de lazer, problematizando se o seu consumo ocorre de forma alienada ou consciente. Para tanto, teve como objetivo a análise da dança como produto consumido em casas noturnas, identificando como a indústria cultural atua na corrupção do sentido/significado dessa manifestação por atores sociais que freqüentam esses espaços urbanos. A etnografia multissituada (MARCUS, 1998) foi escolhida para a investigação, uma vez que ela atenta para saberes locais distintamente sondados, identificando como o mesmo fenômeno é percebido em lugares diversos e vivenciado por pessoas com gostos e preferências diferenciados. O campo investigativo foi delimitado por meio de um projeto piloto desenvolvido em 12 casas noturnas na cidade de Maringá-PR, sendo selecionadas cinco delas para a pesquisa, com base em critérios como: dança como principal atrativo; diferentes modalidades de dança; e diversidade de público. Foram utilizadas, entrevistas semiestruturadas com 15 freqüentadores das casas, bem como observação livre e registro imagético para captação das informações necessárias, entendendo que o desenrolar da pesquisa vai ao encontro das pessoas, das coisas, do enredo e da biografia. Os dados apontam para o consumo alienado da dança em casas noturnas, potencializado pela indústria cultural, e para sua corrupção por atores sociais no sentido de satisfação de suas necessidades imediatas. Tal realidade traz implicações ao campo educacional, sobretudo quando se desconhece e/ou ignora as investidas midiáticas sobre o sujeito. Daí ser necessário conhecer para intervir, favorecendo a construção de um processo de formação não distanciado do ator social, mas próximo a ele, que seja mediador, interventor e emancipatório.

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