Resumo

Esta pesquisa foi realizada junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (campus de Presidente Prudente) e está vinculada à linha de pesquisa intitulada Processos Formativos, Ensino e Aprendizagem. O estudo partiu do diagnóstico de que as experiências de estágio supervisionado nos cursos de licenciatura, muitas das vezes, são meramente descritivas, burocráticas e baseadas em relatos verbais, orais e escritos, distante das demandas por uma formação crítica, reflexiva e criativa para os futuros professores. Na tentativa de avançar em relação a essa situação, o presente estudo investigou quais repercussões decorreram da constituição do Estágio Supervisionado a partir de pressupostos da perspectiva semiótica do filósofo e cientista norte-americano Charles S. Peirce. Na dinâmica de uma Pesquisa-Ação, realizada com uma turma de Estágio Supervisionado em Educação Física, da Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ), enfatizamos um enfoque pedagógico que privilegiou a comunicação, o uso das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) e as múltiplas linguagens, como meios de potencializar a experiência formativa nos estágios. Estimulou-se a produção e socialização de imagens fotográficas e de vídeos a respeito das experiências de estágios pelos participantes da pesquisa (30 professores em formação inicial). Os vídeos e fotografias foram utilizados ao longo de um semestre letivo, subsidiando análises e reflexões coletivas, presenciais e por meio das redes sociais da internet (online) sobre as práticas pedagógicas desenvolvidas nos estágios. A análise dos dados demonstrou que cinco elementos formativos impactaram sobre a conduta docente dos participantes do estudo, tornando a experiência de estágio mais significativa, a saber: i) interpretar os diálogos e as reflexões dos, entre os, e com os participantes do estudo, tendo como referência a lógica viva da investigação científica conforme proposto pela semiótica peirceana; ii) admitir uma abertura ao afeto e à sensibilidade na relação pedagógica escolar e na formação docente; iii) explorar as múltiplas linguagens (escrita, oral, fotográfica, audiovisual), em especial o universo das imagens fotográficas e audiovisual como meios detonadores da reflexão coletiva e do ímpeto de investigação sobre as práticas pedagógicas; iv) tematizar a experiência de estágio por meio do confronto e da interlocução com diferentes pontos de vista, como meio de ampliação da aprendizagem; e v) tomar como base a comunicação em rede e seus predicados, capazes de expandir a experiência de interconexão entre os agentes do Estágio (supervisores de estágio, professores em formação inicial, estudantes da educação básica), como modo de ampliar a colaboração na produção do saber pedagógico. Concluímos que a perspectiva semiótica de estágio desenvolveu entre os participantes do estudo uma atitude científica em relação à prática pedagógica, subsidiou a capacidade de pensar a partir de/com imagens, o que, por sua vez, repercutiu na capacidade analisar as práticas pedagógicas de forma mais criteriosa, racional e autodeterminada. Também constatamos a formação de uma conduta docente mais dialógica e consciente da relevância do trabalho coletivo e colaborativo entre os professores em formação inicial. 

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