Os impactos transformadores do esporte: estudo de caso da arena mrv
Por Mardel Vinicius de Faria Cardoso (Autor), Rômulo Meira Reis (Autor), Sílvio de Cassio Costa Telles (Autor).
Resumo
Uma das temáticas de estudo da Gestão do Esporte são as arenas e instalações esportivas (Rocha & Bastos, 2011). O campo acadêmico mostra que a partir de 1991 há um grande crescimento no número de novas construções ou reformas alavancando o mercado de arenas esportivas, principalmente, com os ciclos dos megaeventos esportivos (Da Costa et. al., 2008; Feng & Humphreys, 2016; Reis, 2017). Novas instalações esportivas geram impactos econômicos e sociais nas comunidades locais. Os impactos positivos contêm melhorias na mobilidade urbana, valorização imobiliária e empregabilidade (Fernandes, 2013; Richardson, 2012). Os negativos correspondem ao aumento do comércio informal, alteração do fluxo de veículos e aumento da sonoridade na região (Duarte, 2015). Contudo, o Brasil, apesar de vivenciado a chamada década dos megaeventos esportivos, os estudos sobre estes impactos parecem não despertar a atenção dos pesquisadores (Amaral, 2019). Objetivos: Esta pesquisa em andamento tem como objeto de estudo a Arena MRV, do Clube Atlético Mineiro, cujo problema norteador é: A implantação de uma nova arena esportiva é capaz de produzir mudanças sociais? O objetivo geral é analisar os impactos na população local gerados pela implantação da Arena MRV. Os objetivos específicos: i) Desenvolver um panorama sobre a concepção e implementação; ii) Identificar os impactos promovidos na construção; iii) Examinar as transformações oriundas dos impactos na construção; iv) Propor soluções para minimizar os impactos negativos. Metodologia: Utilizou-se dados primários e secundários, assim, os dados primários são oriundos de entrevistas não estruturas do tipo guiada (Gay, 1976) com informantes de elite: presidente da associação de moradores e síndico de condomínio residencial (local), diretor de Engenharia da Arena MRV, diretora do Instituto Galo e diretor de Licenciamento do Conselho Municipal do Meio Ambiente da prefeitura (Comam). Os dados primários foram analisados através da análise de conteúdo de Bardin (2012) gerando categorias de análise: Políticas Públicas, Impactos Sociais, Impactos Econômicos, Impactos no Esporte e Lazer, Impactos Urbanos e Impactos Negativos. Os dados secundários foram obtidos através da técnica da pesquisa bibliográfica e documental (Sá-Silva; Almeida; Guindani, 2009), para sustentar ou discordar dos dados primários. A pesquisa tem aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, CAAE Nº 76135723.7.0000.5259. Principais Resultados: Na Categoria Políticas Públicas, a Arena MRV seguiu a resolução 237/97 (Conama, 1997) para a obtenção das licenças ambientais. O diretor do Comam relata que para unir os terrenos a uma área pública entre lotes de 48 mil m2 houve a transferência para a cidade, em permuta, de um terreno lateral da Mata dos Morcegos com 55 mil m2 (Lei Federal 6.766/79) ampliando as áreas verdes públicas desta região da cidade. Na busca pela Licença Provisória Ambiental para iniciar a construção decretaram o projeto de interesse social o que obrigou o clube a criar o Instituto Galo com este fim. Com foco na Licença da Instalação, a câmara criou o Projeto de Lei 817/2019 permitindo realizar a compensação de área verde nativa suprimida em outro parque, ratificando que a necessidade de atuação do poder público pode garantir benefícios a população em políticas públicas esportivas com participação pública e privada (Mendes & Azevêdo, 2010).