Editora Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) Centro de Estudos e Memória da Juventude (CEMJ) . Brasil 2010. None páginas.

Sobre

Apresentação
Após ter sido escolhido, para realizar a Copa do Mundo de 2014, neste momento o Brasil festeja também sua eleição como sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Mais que nunca, o esporte toma conta das rodas de conversas, estimula o mercado esportivo a projetar o seu crescimento, nutre o anseio de milhares de jovens de se tornarem atletas. A realização, em nosso país, de dois megaeventos esportivos faz vibrar o povo e a juventude brasileira, que sonham com a possibilidade de uma geração vitoriosa de atletas representantes de nosso país. Essa realidade atesta que há, na atualidade, um vasto campo de possibilidades de criação e/ou aperfeiçoamento das políticas de juventude e esporte. Assim, promover reflexões sobre a formulação de políticas públicas de esporte para a juventude brasileira — considerando os aspectos da participação e da universalização da prática e do conhecimento esportivo — é assunto que está na ordem do dia. Para tanto, as lideranças esportivas e autoridades de governo devem saber aproveitar o rico manancial de reflexões que vem brotando do debate nacional sobre essa temática.

A Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) e o Centro de Estudos e Memórias da Juventude (CEMJ), atentos a esse debate efervescente, realizaram o 1º Encontro Nacional de Associações Atléticas Universitárias, durante os dias 11 e 12 de junho de 2009, na Faculdade Anhanguera, na cidade de Campinas/SP. O encontro envolveu as Associações Atléticas Universitárias para a proposição de políticas que visem à melhoria do esporte educacional universitário.

Como organizações que fomentam a prática esportiva a milhares de estudantes universitários, as Atléticas são capazes de materializar uma estreita ligação entre as demandas da sociedade civil e as políticas de estado para a área do esporte educacional. Ainda, pelas suas características, elas são espaços privilegiados para a promoção do debate sobre os nexos entre educação e esporte. O encontro das Atléticas Universitárias estimulou a reflexão sobre os caminhos para o esporte educacional universitário, bem como promoveu o protagonismo das Atléticas na avaliação das políticas de esporte. As mesas de debate realizadas trataram sobre as políticas públicas de esporte, a gestão do esporte universitário no Brasil e o legado dos megaeventos esportivos para a juventude.

Nos apontamentos feitos pelos convidados durante os debates realizados – boa parte das apresentações constitue esta publicação – e nas considerações levantadas pelos participantes do En contro, o tema que mais os preocupou foi a relação entre alto rendimento e participação no esporte educacional universitário, com vistas à democratização do acesso ao esporte pela juventude. A constatação feita pelos participantes é de que, atualmente, o esporte brasileiro tem seu desenvolvimento dificultado em grande medida pelo enorme número de brasileiros excluídos da prática esportiva, uma forma privilegiada de promoção da cidadania e do desenvolvimento humano. Em função disso, o primeiro dos objetivos enumerados pela Política Nacional do Esporte é a democratização e universalização do acesso ao esporte. Os espaços de concentração da juventude – com destaque para o sistema educacional – representam o lugar por excelência onde podemos encontrar a possibilidade de promover a democratização plena e a universalização do acesso ao esporte.

Como assegura a Política Setorial do Esporte Educacional, a articulação entre o sistema educacional e o sistema esportivo é essencial para assegurar a ampliação da participação de jovens de todos os níveis de ensino em atividades e eventos esportivos, inclusive em competições nacionais e internacionais, tendo em vista não apenas a elevação do Brasil no cenário esportivo mundial, mas também para a criação de capacidades e habilidades indispensáveis ao processo de formação e desenvolvimento humano. Desenvolver as políticas de juventude em sua dimensão esportiva é a melhor forma de transformar as políticas públicas de esporte em políticas de massa, que envolvam milhões de beneficiados.

Outro tema de destaque durante o Encontro de Associações Atléticas foi o debate sobre o legado dos megaeventos esportivos que a Brasil sediará nos próximos anos. Além de abordar questões sobre a apresentação das candidaturas e os compromissos firmados a partir delas, os palestrantes enfatizaram a possibilidade de fortalecimento do Estado brasileiro, anfitrião dos eventos esportivos, no tocante à economia, à cultura, à inclusão social, ao planejamento urbano, etc. Ainda, as reflexões dos participantes reafirmaram que, com a realização de encontros esportivos de grande notoriedade, o país tem a possibilidade de contribuir não só com o desenvolvimentodo esporte, mas com o próprio desenvolvimento econômico e social do Brasil.

Foi enfatizado também que, mais do que uma estratégia técnica, o sucesso da organização de megaeventos esportivos (e, consequentemente, a conquista de legados sociais) depende do desafiode traduzir o discurso institucional dos dirigentes públicos em uma efetiva gestão socialmenteresponsável, em que envolva os setores sociais de forma permanente e estruturada. Ainda, o que está em jogo com a promoção de eventos esportivos, para além dos efeitos do esporte para as mudanças sociais, é a possibilidade de reorganizar a estrutura social urbana na qual o megavento se realiza, passando pela definição dos papéis a serem desempenhados pelos setores sociais. Nesse sentido, é preciso garantir a presença ativa da juventude não apenas no âmbito do usufruto dos bens e atividades esportivas, mas também, e principalmente, na gestão participativa.

O segmento juvenil precisa estar presente no debate das estratégias de ação voltadas à garantia de legados sociais dos eventos esportivos. Como forma de efetivar essas ações é de fundamental importância valorizar o associativismo juvenil e o protagonismo das entidades e movimentos juvenis. É de fundamental importância o envolvimento de lideranças de grêmios, centros acadêmicos (CAs), diretórios centrais estudantis (DCEs) e Atléticas Acadêmicas. Em particular a União Nacional dos Estudantes (UNE), União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES), Asssociação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), Conferederação Brasileira de Desporto Universitário (CBDU), Confederação Brasileira de Desporte Educacional (CBDE) e suas federações precisam ser vistas como interlocutores prioritários no processo de formatação e efetivação das políticas de juventude e esporte.

Por fim, o Encontro Nacional de Associações Atléticas foi relevante para que se identificasse as problemáticas específicas, no que concerne ao esporte educacional universitário, presentes no realidade das universidades, situando-as nos limites mais amplos da política nacional de esporte. O Encontro estimulou a superação de certa atitude derrotista – a qual valoriza mais os problemas do que as soluções - e exigiu de todos uma postura mais propositiva em relação à política de esporte para juventude, reafirmando a visão de que os desafios atualmente colocados no cenário político favorecem a superação do que historicamente foi construído enquanto política de esporte.
Brenda Espindula (organizadora)

Acessar Arquivo