Resumo

A arbitragem em Ginástica Artística (GA) é um ato avaliativo complexo, baseado nas instruções dispostas no Código de Pontuação (CP), dependente de fatores internos e externos ao momento de julgar uma série. Para que um(a) árbitro(a) esteja apto a atuar profissionalmente nesta função, deve realizar um curso de arbitragem de curta duração, e ser aprovado em duas provas, sendo uma teórica e outra prática. Contudo, parece haver uma diferença entre a compreensão das regras e normativas trazidas pelo CP, e suas aplicações práticas durante a atuação dos(das) árbitros(as), que são cobrados(as) de forma incisiva em termos de excelência profissional pelas organizações que representam e por diferentes agentes esportivos, frente ao aumento dos processos de revisão de nota durante as competições e ao processo de espetacularização e exposição do esporte na mídia. Assim, o estudo teve como objetivo o de identificar e analisar, a partir da auto análise de suas vivências, alguns aspectos no processo de formação de árbitros(as) brasileiros(as) de GA (que atuam em nível Nacional e Internacional). A pesquisa, caracterizada como documental e de campo/exploratória, utilizou como instrumento o questionário, aplicado de forma virtual. A amostra da pesquisa foi composta por uma soma total de 58 árbitros(as) das modalidades masculina e feminina. A análise dos dados caracterizou-se como mista, envolvendo duas diferentes abordagens metodológicas: Uma quantitativa, que usou de estatística descritiva para analisar dados de questões voltadas para avaliação dos níveis de compreensão, aplicação e habilidades de manipulação dos conceitos do CP; E uma qualitativa, utilizando do método de Análise de Conteúdo para melhor categorizar e discutir temas correlatos a algumas seções do questionário. Identificou-se que não há um programa de formação e/ou acompanhamento do processo de formação da arbitragem de GA brasileira, gerando diversas problemáticas recorrentes e que se prolongam ao longo dos anos. O perfil dos(das) entrevistados(as) foi variado e intergeracional, destacando majoritariamente que a experiência, seja participando de cursos de arbitragem ou atuando em eventos nacionais e internacionais, é quase tão importante para o desenvolvimento do processo quanto o conteúdo ministrado pelos experts durante o curso. Notou-se uma diferença entre a forma de avaliar as diferentes provas das modalidades, e também na compreensão e aplicação dos aspectos referentes ao CP, assim como a compreensão das múltiplas “habilidades práticas” que a GA exige para uma avaliação justa e coerente por parte da arbitragem. Os(as) entrevistados(as) salientam a relevância dos momentos de troca de experiência com outros(as) árbitros(as) em diferentes contextos e situações de aprendizagem, e destacam a autorreflexão como algo importante para a melhoria de sua atuação profissional. Este estudo traz uma análise diagnóstica desta formação e alguns indicativos para o processo de formação de árbitros(as), como: dificuldades relacionadas ao acesso a material didático especializado; custo e distancia para o local de realização dos cursos; duração e formato de oferecimento dos cursos; valorização de momentos de troca de experiências; entre outros, que possam colaborar com um melhor desenvolvimento da arbitragem por parte das organizações esportivas responsáveis e, assim, colaborar com o desenvolvimento da Ginástica Artística brasileira.

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