Resumo

Este trabalho analisa a programação esportiva da TV Brasil desde sua criação em 2007. Ao percorrer os mecanismos ideológicos dominantes, percebemos que a indústria cultural e sua ideologia são aplicadas na forma e no conteúdo da programação esportiva das emissoras abertas comerciais. Há fortes evidências de que este domínio se estende à TV Brasil, apesar de os meandros que permitiram a sua criação implicarem em uma ruptura com o modelo comercial hegemônico. Este pressuposto seria a condição básica para a TV Brasil cumprir seu papel histórico, qual seja: o de construir conteúdos culturais, educativos, de informação, de entretenimento e esporte acessíveis em sinal aberto a toda a população brasileira. Nas raízes do aparecimento da televisão no Brasil, notamos o papel agressivo da iniciativa privada, em 1950. Sob a liderança de Assis Chateaubriand, surgiu o modelo de TV materializada na criação da TV Tupi. Nasceu assim o modelo jurídico hegemônico e o determinismo do mercado de como deve ser a TV no Brasil, dando sequência ao que já havia sido feito na Era do Rádio. O Estado curvou-se durante 60 anos a esta lógica. O entretenimento televisivo se impôs como negócio, absorvendo o esporte e a circulação de informações, chegando a colocar em disputa aberta os interesses das empresas de comunicação, como ocorre entre Globo e Record. Neste devir, a Educação Física perdeu o domínio do esporte que se tornou transversal a todas as áreas do conhecimento, e é um dos maiores fenômenos sociais da humanidade. Na atualidade converteu-se em produto caro na grade das emissoras comerciais. Sua chegada à TV Brasil mistura-se com a falação, a captação e edição de imagens, uma velha receita utilizada pelas TVs. O roteiro reproduzido pelas emissoras comerciais apoia-se no legado deixado por Leni Riefenstahl e aperfeiçoado pelo documentarista Bud Greenspan, responsáveis estéticos pelo primeiro e atuais registros de eventos esportivos. Este trabalho busca, ainda, compreender os detalhes que envolvem as escolhas feitas pela TV Brasil, sempre na perspectiva de alteração desta condição. A experimentação e a ousadia ainda não ocuparam as mentes dos diretores e produtores da programação geral e esportiva da emissora. Arnaldo Mexas, editor de esportes da TV Brasil também concorda com a necessidade de poder ousar mais. A tese está contida nos apontamentos feitos nos documentos dos Grupos de Trabalho, criados no I Fórum das TVs públicas, sobre Programação e Modelo de Negócios, o documento afirma que: "É preciso pensar na formação e na qualificação profissional que faz a TV pública. É preciso formar profissionais com espírito público dentro dessas TVs", e vai além quando aponta que essa política irá impactar a formação crítica dos telespectadores com a mudança de paradigmas que orientam a produção dos conteúdos 

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