Resumo

Introdução: As mulheres têm sido sub-representadas em cargos de liderança esportiva. A literatura mostra que esse cenário se dá pelas diferentes barreiras que as mulheres enfrentam (PASSERO et al., 2020; LAVOI; DUTOVE, 2012; NOVAIS; MOURÃO, 2017). Visto que a literatura em geral está focada em estudos sobre mulheres que já são treinadoras, essa pesquisa está direcionada para o processo que antecede à escolha pela profissão. Objetivo: Analisar se as mulheres que fazem parte da comissão técnica de um projeto de futsal se reconhecem enquanto treinadoras. Metodologia: Pesquisa qualitativa na qual realizamos entrevistas semiestruturadas com cinco mulheres que atuam no projeto em questão (CAAE nº 49195421.5.0000.5542). Resultados: Todas as participantes identificaram em si mesmas características que elas consideram necessárias para exercer uma boa liderança, ainda assim apresentam resistência em se reconhecer como líderes, o que pode interferir também no reconhecimento com a profissão de treinadora. Seguir carreira como treinadora parece não fazer parte do projeto de vida das entrevistadas. Além de aparecer em segundo plano, algumas condições são necessárias para que a profissão seja considerada, como ter uma rede de apoio, poder se especializar mais na área antes de assumir o cargo e/ou treinar equipes a nível competitivo baixo ou nulo. Além disso, as participantes se mostram mais “abertas” a ocupar posições de menor visibilidade como preparadora física ou auxiliar técnica. Conclusões: Ter experiência de atuação em um ambiente formativo, no qual as participantes se sintam seguras, pode ter um papel fundamental na inserção delas na área do treinamento. No entanto, a falta de confiança e a falta de autoeficácia ainda se fazem presentes na prática delas, parecendo ser as principais barreiras que dificultam o reconhecimento com a profissão. Assim, a falta de reconhecimento parece estar relacionada a questões de gênero consequentes de experiências em contextos anteriores.