Resumo

Esta tese está vinculada à linha de pesquisa “Práticas e Processos Formativos em Educação” no Programa de Pós-graduação em Educação na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista, campus de Presidente Prudente. A importância sociocultural do futebol, nossa própria experiência profissional nesta modalidade e a escassez de estudos com uma abordagem psicanalítica do futebol que contemplasse o “processo formativo do/no futebol” de crianças, adolescentes e jovens, constituíram o cenário em que se deu o ponto de partida deste estudo. Nosso objetivo geral foi verificar as possibilidades de contribuição da psicanálise no “processo formativo do/no futebol”. A incursão inicial nos domínios da psicanálise proposta por Sigmund Freud levou a identificar, de um lado, o tema do “desejo de jogar”, e de outro, a relação entre o aluno-atleta e o professor-treinador, o que nos levou a destacar os conceitos de sublimação e (contra) transferência. Buscamos então responder aos seguintes questionamentos específicos: como e por que o jogo de futebol poderia contemplar (propiciar) a sublimação? Qual a contribuição do saber (contra) transferencial na atuação do professor-treinador na condição de educador? Verificamos que a prática do jogo de futebol pode ser agente relevante para ocorrência da sublimação das forças pulsionais, possibilitando sua ocorrência de modo socialmente aceitável, o que torna compreensivo o "desejo de jogar". Em relação ao aspecto sublimatório, o alento pulsional está intimamente relacionado à “pulsão de morte”, caracterizada como uma energia que se direciona à realização do ato de jogar futebol. Detectamos que, ao menos parcialmente, o prazer em jogar fica limitado quando o futebol submete-se à formatação do que se denomina "esporte", caracterizando o recalque no ato de jogar, devido o rigor e enquadramento às regras. Outro aspecto relevante nesta investigação acena ao saber (contra) transferencial que se instala na atuação do professor-treinador em sua relação com o aluno-atleta, pautada pela mediação entre o permitido e o proibido a este último. Ou seja, o professor-treinador atua no fortalecimento do superego, para que condutas para além da prática do futebol sejam também acolhidas. Por fim, sugerimos as grafias "professortreinador" e "alunoatleta" para indicar nosso entendimento de por que e como o profissional do esporte deve operar na compreensão psicanalítica do “ato pedagógico”, o que exige ir além dos aspectos biomecânicos, fisiológicos e pedagógicos da modalidade, em direção a uma compreensão da existência do inconsciente

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